AS CEBOLAS DE NAPOLEÃO
Quatro fuzileiros trazem consigo a grande história, desde
que Napoleão irrompe da Revolução Francesa, se coroa a si próprio imperador e
decreta o Bloqueio Continental. Quatro fuzileiros trazem consigo a história já
não tão grande, desde que Jean-Andoche Junot entra pela zona raiana e chega a
Lisboa para “ficar a ver navios” com a partida inesperada de João VI para o
Brasil. Quatro fuzileiros trazem consigo a história mais pequena, quando o general
Loison, sem um braço, tornou comum a expressão “ir para o maneta”, ao saquear,
chacinar e incendiar o país de norte a sul. Quatro fuzileiros trazem consigo,
na memória do corpo, com os gestos, as palavras, os sons, a mais que pequena
história, quando o general de brigada Charlot, mandado auxiliar a cada vez mais
instável e insegura capital do reino, depara-se no caminho com a vila de
Alpedrinha, ali na Serra da Gardunha, e das seis para as sete horas do dia
cinco de Julho de 1808 deixa a impiedosa marca da destruição e da morte.
Como camadas de uma cebola, da Europa vista de cima, até que se perceba o branco dos olhos de cada um. Esta é a nova criação da ESTE – Estação Teatral, bem ao seu jeito, recentrando a representação no corpo do actor, recorrendo à pantomima para criar toda uma narrativa de imagens, procurando que a percepção do aqui-agora torne essencial na vida a arte da presença.
Interpretação: Patrick Murys, Ricardo Brito, Rui Sousa e
Tiago Poiares
AGRADECIMENTOS: Escola Secundária do Fundão, Prof. Estevão
Lopes. Prof. António Pereira (pela cedência do auditório para os ensaios),
Junta de Freguesia do Fundão (pela cedência dos espaços publicitários), José
António Marrucho e José dos Santos Silva (pelas horas extras na Escola
Secundária do Fundão), Eduardo Serra, João Salvado, D. Gracinha Correia, João
Maneta e José dos Santos Monteiro (em Alpedrinha), Drª Antonieta Garcia,
Diamantino Gonçalves e Jean-Marie Teller (pela informação histórica prestada),
Carlos Branco, Pedro Rufino e Duarte Silva (pelo apoio musical)