DESCAMINHO

DESCAMINHO

48ª criação / Out.24

- Lembra-se?

Quando perguntávamos sobre o tempo do contrabando, as respostas eram vagas, sem comprometer as narrativas que se ouvem por toda a raia…Foi preciso perguntar outra vez, esperar, deixar que surgissem as memórias, as  entre histórias menos oficiais e, sobretudo, ficar atentos aos gestos de recontar. Através das máscaras, dos objetos, das imagens, de documentos oficiais e privados e ecos de homens e mulheres dos dois lados da fronteira, quisemos fazer uma homenagem ao ato de lembrar. Neste espetáculo, as personagens deslocam-se à procura do passado, não ficam paradas a olhá-lo de longe. Com elas, cruzamos as fronteiras portuguesa e espanhola, levamos e trazemos escondidos os carregos, esquivamos o perigo, jogamos o jogo, lembramos, apagamos e encontramo-nos sempre a meio caminho: entre a realidade e a ficção.


Este espetáculo nasce da vontade da ESTE de continuar a trabalhar sobre o riquíssimo património material e imaterial desta região. O tema do contrabando é parte integrante deste chão movediço em que nos encontramos: a raia. A nossa proposta artística era partir daquilo que encontrássemos junto das pessoas, dos lugares e dos documentos, começando sem um texto dramático, sem uma narrativa esboçada e com uma enorme curiosidade. Na génese desta Companhia está o trabalho com a máscara e para este espetáculo as máscaras construídas foram inspiradas nas formas dos rostos das pessoas que fomos conhecendo. Já longe dos rostos reais, nasceram assim estas personagens, narradoras diretas do que foi dito e daquilo que imaginámos, porque para saber é preciso imaginar-se. A ruta foi longa, marcámos vários encontros e fomos surpreendidos por outros, porque que em cada lugar há alguém que conhece alguém… No bar, na festa, em casa, na sede da Junta, numa pausa junto aos tratores, na praça, às vezes “não era preciso falar, bastava fazer um gesto e uma pessoa…”. Este espetáculo existe porque pessoas dos dois lados da fronteira nos passaram carregos, alguns muito preciosos, para que os levássemos sem os perder, até outros, até hoje. 


FICHA ARTÍSTICA

Encenação e Dramaturgia: Sofia Cabrita em co-criação com Javier Ariza, Joana Poejo e Tiago Poiares / Interpretação: Javier Ariza, Joana Poejo e Tiago Poiares / Espaço Cénico: Mário Melo Costa / Figurinos: Ana Baleia / Máscaras: Alessandra Faienza / Música: Pedro Rufino / Apoio à criação: Samuel Querido / Desenho de Luz: Pedro Fino / Design Gráfico: Jorge Portugal / Vídeo: Ruben Páscoa / Fotografia: Pedro Delgado / Assistência de Produção: Elisabete Rito / Direcção de Produção: Alexandre Barata

 

48ª criação da ESTE – Estação Teatral

Estreia a 24 de Outubro de 2024 no Auditório da Moagem (Fundão)